sábado, 13 de fevereiro de 2016

Veterinário proibido de atender carentes recebe apoio para abrir ONG

Eduardo Schiavoni
Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

O veterinário Ricardo Fehr Carmargo, impedido de atender gratuitamente, vai abrir uma organização não-governamental

O veterinário de São Carlos (SP), Ricardo Fehr Carmargo, que foi impedido pelo CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) de atender gratuitamente, aos sábados, animais de pessoas carentes em sua clínica, informou que já iniciou os preparativos para criar uma ONG (Organização Não Governamental) para assim poder realizar os atendimentos.
A instituição está sendo criada com a ajuda de apoiadores sensibilizados pela causa e deve começar a operar formalmente nos próximos meses.
A ONG também já tem nome. Ele irá prestar uma homenagem à irmã, Renata Fehr Camargo, morta em 2008, que emprestará o nome à instituição. "Uma empresa da Capital está nos ajudando com a parte burocrática, para a criação da ONG, e uma empresa de comunicação já está cuidando da nossa logomarca. Não temos prazo para começar a funcionar, mas esperamos que seja o mais breve que a burocracia permitir", disse Aline Camargo, mulher de Ricardo.
Ricardo conta que a ideia tomou forma depois que o CRMV impediu os atendimentos. Ele chegou a pensar em se filiar a uma ONG já existente, mas concluiu que a criação de uma nova instituição seria o ideal. "Eu pesquisei, falei com algumas pessoas, e essa seria uma boa solução. Mas as coisas aconteceram de uma maneira muito rápida e essa ideia de organizar uma ONG foi colocada em prática", disse.
Camargo informou ainda que os atendimentos gratuitos, iniciados por ele em 23 de janeiro, estão suspensos até a decisão do CRMV sobre o caso. "Eles alegam que eu não posso fazer o atendimento e abriram um processo contra mim. Preciso esperar essa decisão, mas estou muito emocionado com o apoio que tenho obtido nas redes sociais", disse,
Ele informou ainda que não tem medo de ser punido pelo CRMV. Se for condenado, as penas variam de advertência até cassação do direito de exercer a profissão. "O que faço é de utilidade pública. Muitos animais nunca teriam condições de passar por uma consulta se não fosse pelo projeto. Não preciso ser uma ONG para fazer um trabalho de utilidade pública mas, se o caminho for esse, vou virar uma ONG. O essencial é ajudar os animais", disse.

Impedido

Camargo anunciou o projeto de oferecer consultas gratuitamente em 15 de janeiro. Em dois sábados, atendeu perto de cem animais, mas foi interrompido, durante o atendimento, pela visita de uma representante do CRMV, que informou que seria aberto um processo na instituição contra ela.
No entender do Conselho, a ação vai contra o artigo 20 do Código de Ética da categoria, que informa que "ao médico veterinário não é permitida a prestação de serviços gratuitos ou por preços abaixo dos usualmente praticados, exceto em caso de pesquisa, ensino ou de utilidade pública".
Camargo afirmou ainda que espera que a intensa repercussão do caso -- um vídeo gravado por ele onde o profissional conta que foi impedido de fazer os atendimentos já bateu as 7 milhões de visualizações, e uma petição pública online para que o CRMV volte atrás em sua decisão já teve mais de 60 mil assinaturas.
"Tive muito apoio, mais de 5 mil advogados me procuraram querendo defender a minha causa gratuitamente. Espero que essa intensa repercussão tenha efeitos práticos", disse.

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